domingo, 29 de abril de 2012
Ambientação
O aroma era especial
Nobres grãos transbordavam cor e sabor
Um calor sem igual
Aquela fumaça desenhava amor e pavor
A cada gole, mais energia
Era vida, era minha bebida
Vida que de preto se vestia
Era ela quem me aquecia
Num momento, entretanto
Minha atenção se desviou
O papel era agora santo
Sem ver, tudo se esfriou
Papel Rasurado, Ato II
Aprisionado o pássaro canta só
A sombra não permite voar
Aqueles ares aparentam ter um nó
A dor de quem não pode amar
As cores da natureza aos olhos da ave
Florescem uma fonte de pura energia
Desfazendo o nó quem sabe
Ao bater as asas encontre a vida
Não só a vida, mas a vida além do ninho
Voando por aquele céu distante
Não só vivendo, mas compartilhando carinho
Toda paixão desenhada no horizonte
Papel em branco, Ato XXIII
Há piedade na noite
Noite companheira do sono
Sono que leva a sério o devaneio
O que não é pode ser em sonhos
Penso em escrever na folha em branco,
em uma ligação grafitar este caderno
Mas essa era a ideia de uma hora atrás,
A mesma ideia desde que acordado
Não vou rasurar, melhor não escrever,
Não deixar relevo a ser identificado
Transparecer na opacidade, ser estoico,
Ser cínico... isso, este é o meu fado
sábado, 28 de abril de 2012
Papel Rasurado, Ato I
A noite recai como raios impiedosos
Mais uma vez o devaneio me acompanha
Solidão mutilada em destroços
Pensamentos perdidos por uma estranha
Doce sabor ao respirar a vileza
Cinzas em nuvens purificam o ar
Desejo incrível de terminar a surpresa
Sentimento explosivo e contido de amar
Novamente me torno um vassalo sem sentido
Sabendo que o curso até a foz anda errado
O erro mais uma vez repetido
Escrito novamente em um papel rasurado
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